Parabéns Maria, 6209 dias de magia!

Dezembro 17, 2016

Parabéns minha querida Maria! 6209 dias a partilhar alegria e magia com todos aqueles que cruzam a tua vida!

Não a vi quando nasceu, levaram-na sem a ver, ouvir ou sentir. A Maria iria viver tão poucas horas que era melhor não criar laços, disseram-me. Conheci-a por fotografia, mas quando finalmente entrei nos Cuidados Intensivos e me aproximei da incubadora:

“(…) Era tão pequenina, meu Deus. As lágrimas rolavam de tal forma que não conseguia vê-la, não era capaz de controlar onde caíam, não conseguia nada. Olhei para as suas mãos e, instintivamente, pus a minha dentro da incubadora. Assim que lhe toquei, apertou-me o dedo. Ela reagiu e isso surpreendeu-me. Foi um gesto tão delicado e carinhoso, tão confiante e expressivo, que senti um conforto extraordinário.
É difícil explicar como, mas senti que existia força do lado dela. Talvez esse sentimento fosse o amor que se sente por um filho na sua intensidade máxima, extremado pela perspectiva de que podia terminar a qualquer segundo. As dores das costuras eram desagradáveis e as pernas começaram a trair-me de tal forma que me vi obrigada a sentar. Nessa altura, a enfermeira foi desligando todos os fios, colocou a Maria no meu colo, e voltou a ligar tudo de novo. Tínhamos conseguido, fora demorado, mas finalmente a Maria tinha chegado à minha vida.
Guardo esses primeiros momentos como instantes muito felizes, um bocadinho só nosso em que não consegui dizer ou pensar em nada. O tempo parou. Em alturas como estas, há coisas que são ditas e outras que, por serem sonhadas, ficam guardadas no coração. Sei que estive com ela por inteiro e isso foi o mais importante.
Tive-a nos meus braços durante muito pouco tempo porque, entretanto, as máquinas começaram todas a apitar. Não me importei, viesse o que viesse, aquele tinha sido o nosso momento. Já lhe tocara, já a cheirara, já a conhecera. Já sabia quem era a minha filha. E mesmo correndo o risco de tudo durar somente umas horas, eu tinha escolhido estar ali e criar aquele laço tão arriscado. (…)
Fonte Livro “A mãe da Maria” (Ana Rebelo)

 

 

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2 Comentários

  • Responder Emília Homem da Costa Dezembro 17, 2016 em 12:36

    Um laço que se foi tornando cada dia mais forte. Fico tão grata pela partilha de momentos tão pessoais e intensos! Desejo-vos o melhor. De todo o coração. Emília

    • Responder Ana Rebelo Dezembro 23, 2016 em 01:06

      Obrigada querida Emília. Bjs

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