Quem tem filhos sabe bem do que falo. Não sei porquê e já não é de agora, na disciplina de educação musical os alunos têm de aprender a tocar flauta – o dito pífaro! Mas porque será? É que entre tantos instrumentos, com sons maravilhosos, este não é de todo o mais encantador.
Comecei a estudar música aos seis anos. Andei no Instituto de Estudos Gregorianos de Lisboa, durante vários anos. Todas as semanas passava lá as minhas tardes. Tínhamos muitas disciplinas, piano, coro, latim, etc. Mas pífaro não, só mesmo na escola.
Não sei se serei a única a ter esta aversão, mas o som irrita-me. Acredito que haja crianças, que até pensavam seguir música, mas chega o dia em que na disciplina de educação musical, lhes é apresentado o pífaro e elas nesse preciso momento desistem. E perdem-se assim promissoras carreiras musicais.
Para além de tudo isto (na nossa infância), crescemos e temos de ter a capacidade de continuar a suportar este som lá por casa. Então quando se tem vários filhos temos de os ouvir durante horas seguidas.
Ontem foi dia da Matilde estudar. Vai ter teste! Fechou-se no quarto e, enquanto repetia vezes sem fim a pauta, deste lado tudo fazíamos para ignorar. Não posso reagir nem fazer comentários, pois sei que eles têm mesmo de estudar, mas hoje a Maria, demonstrou que tem exatamente o mesmo sentimento e reação que eu (ao pífaro).
Enquanto a irmã tocava, ela desesperava na sala. Pedia para fazer tudo, para se distrair do barulho, mas não conseguia. Só acalmou quando o estudo terminou. Não é costume a Maria reagir assim, pois ela adora música e até a bateria a alegra. Mas está visto que cá por casa o pífaro, não é bem recebido. Deixamos uma sugestão, porque não mudar o instrumento de estudo (no curriculum nacional) em educação musical? Vá lá…
A Mãe da Maria (Ana Rebelo)
Sem comentários