Moro no presente onde os abraços me calam. Neste momento do agora em que os perfumes ficam nos travesseiros e as teclas rabiscam nomes sem propósito. Vivo e sinto o hoje, no exato “tic-tac” em que as taças descansam rubras e vazias. As pétalas da rosa pairam inertes. O suspiro está congelado nos meus lábios.
Não me interessa o ontem, nem temo pelo amanhã. Só preciso de sentir a areia do mar na ponta dos dedos enquanto desenho um sol que sorri. Só preciso de ler um livro cheio de mistérios e não respostas. Neste momento em que o espelho me diz que não sou mais menina, mas também que tenho mais energia que nunca. No agora, onde muitos sonhos me inspiram e todo o otimismo está em mim como se tivesse numa excelente forma física.
Não quero que o ano acabe logo, não espero as férias, não me importa se é segunda ou sexta-feira, e tão pouco, desejo o que não é o dia de hoje.
Não abro janelas para os dias vindouros, não fecho mais as portas para passados tristes. A casa existe apenas, e com ela, todo o meu agora. Se o vento balançar os meus cabelos, se o calor molhar o meu vestido, se o frio me anestesiar. Não importa! Eu só quero viver cada segundo no meu agora!
Apenas desejo fazer desse ínfimo instante um significado único de viver bem!
A mãe da Maria (Ana Rebelo)
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