“Moche à Mãe”, grita o Tomás, enquanto corre na minha direção com a Maria ao colo! Distraída a sair do quarto, nem tive tempo para reagir. O Tomás deu-me um empurrão e caí de rabo no chão. Enquanto riam à gargalhada saltaram para cima de mim. Mãe sofre, mas que malucas me saíram estas crianças, a quem sairão?
A alegria e espontaneidade que acompanha estas traquinices é tão irresistível, que fico quase sempre sem coragem para reclamar. Já no chão, tentei explicar-lhes que estas brincadeiras são perigosas e que algum de nós se podiaria ter magoado. Mas eles não estavam “nem aí”. Riam à gargalhada e a minha conversa (chata) em nada os conteve. Dei por mim a pensar – para quê continuar a ralhar e não aproveitar? Realmente, que maçadores somos nós os adultos!
Para disfarçarem a asneirada, resolveram para além do “moche” fazer uma sanduíche de Mãe. Enquanto o Tomás apertava de um lado, a Maria abraçava do outro com todas as suas forças. E eu por ali fiquei no meio do chão, sentido-me o “recheio de sanduíche” mais feliz e realizado do mundo.
São estas loucuras que me fazem acreditar, que não existe nada melhor do que aproveitar tudo aquilo que os nossos filhos nos têm para dar. Seja moche, seja sanduíche, seja o que eles lhe queiram chamar, desde que comigo tenham alegria para partilhar, só tenho mesmo que aproveitar!
A Mãe da Maria (Ana Rebelo)
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