Mãe especial? Não obrigada

Novembro 29, 2015

Filhos especiais, têm pais especiais. Esta é, de longe, a frase que mais ouvi desde o nascimento da Maria. Sempre dita com muito carinho pelos meus amigos, ou com a melhor das intenções por desconhecidos.

Mas não concordo com ela! Assim como não me sinto “em baixo” por ter uma filha deficiente, também não acho que me deva sentir superior – especial. Não sou melhor que nenhuma das minhas amigas, familiares ou conhecidas que tiveram filhos ditos normais.

Mas também já desisti da argumentação. Agora, ouço a frase e agradeço. Porque a minha resposta só piorava a situação. Só fazia as pessoas insistirem na teoria de que realmente sou uma mãe especial. Afinal, além de tudo, ainda é humilde. E avançavam para a exaltação à minha coragem, à minha força e dedicação à Maria. Muito obrigada. Mas também insisto: nada disso me faz melhor que ninguém.

Fico a pensar em todas as mães que conheço e acredito piamente que a grande maioria delas sentiria e agiria exatamente como eu. Também passariam pelo susto, pelo medo da perda, pelo medo de não ser capaz e, em seguida, pela aceitação e pela busca do melhor para o filho. Tudo isto permeado por muito amor, mas também por muita insegurança.

É mais ou menos como nos filmes de super heróis. Tudo bem que, para quem está a dizer que não se acha especial, esta não é uma boa comparação. Mas explico e vão entender o raciocínio. Nos filmes, quase sempre é assim: o herói só descobre os seus superpoderes na hora do aperto. Ele está lá com seu poder de voar ou com sua super força, mas leva uma vida normal. Até que alguma situação extrema acontece. E aí, de repente, ele percebe que pode levantar carros ou voar para o outro lado do país em segundos.

No filme do Homem Aranha, o tio dele diz: com grandes poderes, chegam grandes responsabilidades. A frase ficou famosa. No caso de quem tem um filho deficiente, o raciocínio inverte-se: com grandes responsabilidades, vêm grandes poderes!

A Mãe da Maria (Ana Rebelo) | Texto traduzido e adaptado de “Todas as Mães são especiais”

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5 Comentários

  • Responder Emília Homem da Costa Novembro 29, 2015 em 10:50

    É isso mesmo. Com grandes responsabilidades, vêm grandes poderes. Mas posso acrescentar que essas pessoas inspiram os outros e isso é inegável no caso presente 🙂

    • Responder Ana Rebelo Novembro 29, 2015 em 11:51

      Obrigada querida Emilia. Um grande beijinho e até já

  • Responder Cris Santos Fevereiro 9, 2016 em 17:31

    Ana,
    Não sei se isso faz de si uma mãe mais especial ou simplesmente uma mãe semelhante a tantas outras: evidencia um amor pela Maria que nos garante que esse gostar não é um capricho passageiro do seu coração! E transmite uma serenidade que nos faz sentir envergonhados porque muitos de nós não seríamos tão capazes de aceitar, tão genuinamente, a diferença! Obrigada pelos ensinamentos!

  • Responder Patrícia Guerreiro Julho 7, 2016 em 09:42

    Olá Ana o meu nome é Patrícia e sou a “mãe da Gabriela” uma menina também ela muito especial, para mim, e para tantos outros. Ela é também portadora de deficiência, ainda hoje sem diagnóstico, apesar de todos os testes e esforços para encontrar uma resposta. Como mãe sei e sinto que estou a fazer o possível e impossível para dar o melhor à minha filha, algo que considero que todos os pais fariam independentemente do que tem ou não, é uma criança acima de tudo. Posso dizer que me revejo totalmente nas suas palavras, sendo que me sinto assim todos os dias. Como mãe posso dizer que sempre amei e aceitei a minha filha como ela é, tenho imensos receios, mas isso não me pára. Vejo todos os dias o quanto é feliz e isso para mim é tudo. Como sempre digo…Gabriela aceitar a diferença é amor
    Beijo a todos

  • Responder Isabel Amaral Janeiro 7, 2017 em 22:06

    Concordo com o q diz,tambem sou “mãe do Nuno” para além de ser mãe de mais quatro. Tem toda a razão ninguém sabe do q é capaz até precisa, não somos heroínas somos apenas humanas e principalmente mães se alguém é especial serão nossos filhos q são diferentes mas têm um amor infinito para dar.

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