A medida da dor

Setembro 26, 2016

Temos a “mania” de achar que nossa dor é sempre maior (ou menor) que a do outro. Mas a dor não é mensurável, cada um enfrenta-a da maneira que sabe. Afinal não somos todos diferentes? Há quem sofra calado, há quem sofra a sorrir. Há quem se isole, há quem não perca a oportunidade de sair e de se distrair.

Há gente que se priva de conhecer lugares e “outras gentes”, há gente que escolhe viajar pelo mundo e acaba por se deparar com gente especial. Há quem goste de expor a sua dor, há quem a guarde para que não interfira com o seu dia-a-dia. Cada um tem o seu modo de a sentir.

Muitos dizem que o tempo cura tudo, mas eu acredito que o que nos cura é o que fazemos durante o tempo que está a passar, a forma como aceitamos as coisas e como damos a volta por cima. As dores, essas, para uns são grandes, para outros pequenas, mas só as entende quem as sente.

Há gente que é difícil de chorar e outras que são como manteiga derretida, mas todos sofremos. Julgamos o outro, mas não sabemos quantas noites esteve sem dormir, o quanto aquela ferida o corrói por dentro, como tem tentado manter-se forte (aparentemente), o quanto é difícil passar o dia a conviver com os seus pensamentos.

Eu, particularmente, prefiro sorrir mesmo quando estou mais triste, prefiro falar a calar. Prefiro deixar minha dor no peito, porque se ela resolver sair, vai querer achar-se independente e talvez até crescer. Mas respeito a dor dos outros porque, a dor é de cada um e, cada um tem o direito de a sentir à sua maneira.

A mãe da Maria (Ana Rebelo)

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3 Comentários

  • Responder Maria José Mota Campos Setembro 27, 2016 em 16:06

    Adorei o texto como ê normal: porque é sempre muito real, verdadeiro e muito bem escrito. É fácil gostar muito de si Ana.
    Avaliar a dor é um termo abrangente que implica descobrir a natureza e o significado da experiência dolorosa da dor na vida diária de cada um.

  • Responder Isabel Amaral Dezembro 9, 2017 em 10:32

    Mais um belíssimo texto. Concordo, não podemos sentir a dor dos outros, quando muito podemos imaginar, cada pessoa é única na maneira de ser e sentir. Por vezes ouvimos comentários tristes sobre pessoas que estando a passar por momentos muito difíceis, não o demonstram, como se houvesse um padrão obrigatório para o demonstrar.

    • Responder Ana Rebelo Dezembro 10, 2017 em 22:05

      Obrigada Isabel 🙂 . Um beijinho

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